«As minhas cartas! Todas elas, frio
Mudo e morto papel! no entanto, agora ...»
Versos do soneto XXVIII de Elizabeth B.Browning
Palavras Rebuscadas
No meu sangue corre a tinta negra
O Fio tingido turva-me a vista
Perturbada sonho com a palavra
Os meus dedos, inquietos, voam pelas nuvens
Buscam outras vidas
Buscam outras falas.
Quem sou eu?
Quem serei amanhã?
Hoje o fio perdido
Reatado...
Serei o tesouro achado? Sou a vida e serei a morte
Sou a palavra rebuscada
Por fim, encontrada.
Gizela de Brito, 21/03/2013
Créditos da fotografia: Gizela de Brito - Joanesburgo, África do Sul, Julho 2004
⏳
pendente:
A Flor Que Me Vais Dar
Dá-me uma flor
Mas que não seja uma rosa
Nem a de porcelana
Dá-me uma flor
Mas não uma dália
Margarida ou tulipa
Não me dês uma protea
Peónia ou uma crista-de-galo
Não procuro as exóticas
nem as raras: kadupul ou rafflesia
Não me ofereças um girassol
Nem uma orquídea
Mesmo que seja a fantasma
Dá-me uma rosa do deserto
Cristalizada-estéril
A flor do retiro
Como eu que da cor me inspiro
Da forma empresto o nome
Dá-me essa rosa:
Pedra-selenita-areia
Eu plantada-deserta-perdida
Em meia-vida
Em ti, plena.
Lad, 23 Fevereiro 2024
©Gizela De Brito
O Pedaço Que Ficou Por Escrever
Existe um pedaço de mim
Que ficou por escrever
(Quedou-se a folha branca)
O pedaço por escrever
Pintou-se de musgo-vivo
E brotaram outros eus
Existe, afinal,
Um pedaço de de mim
(O que ficou por escrever)
Que se cobriu de formas e cores
E que hoje, sou eu.
Lad, 21 Setembror 2024
©Gizela De Brito
As poesias não dormem sós:
dormem com as almas abandonadas.
1 de Março de 2025
©Gizela De Brito
Créditos da imagem: Gizela De Brito
SOBRE MIM
Gizela de Brito
A Sussurradora d'Estórias
LEGAL